O Capital Social e a geração de riqueza
Vinícius
Montgomery de Miranda
Segundo o filósofo e economista
norte-americano Francis Fukuyama, o capital social de uma nação é o conjunto de
normas que promove a confiança e a reciprocidade entre os agentes econômicos.
Da mesma forma que o capital físico (máquinas, equipamentos e infraestrutura de
produção) e o capital humano (escolaridade e capacitação da mão de obra), o
capital social é um fator relevante no desenvolvimento de um país. Isso ocorre
porque quanto maior a disponibilidade desses três tipos de capital, maior a
produtividade da economia. O antropólogo Ignacio Garcia confirma a importância
do capital social ao afirmar que organizações com elevado nível desse capital
desenvolvem um ambiente de intensa cooperação. A confiança e a cooperação
estimulam o surgimento de inovações e da transmissão do conhecimento entre
gerações. Ou seja, um país com elevado nível de capital social tende a ser mais
inovador e mais eficiente.
Por outro lado, Furlanetto na Revista
de Sociologia e Política (2008) afirma que a interação de capital social e
instituições determina o nível de eficiência da economia. Isto é, economias com
elevado grau de capital social e instituições fortes apresentam menores custos
de transações. Por isso há nelas, maior facilidade de negócios, maior competição
entre empresas, mais inovação e crescimento econômico. Qual a situação do
Brasil diante desse quadro? A Revista Exame de 3 de outubro de 2012 traz como
reportagem de capa, a disparidade de produtividade entre o trabalhador
brasileiro e o norte-americano. Segundo a revista, o trabalhador brasileiro
gera, em média, um quinto da riqueza gerada pelo americano. O que explica
tamanha disparidade? As deficiências no capital social e nos demais fatores. Perde-se
produtividade, diminuem as possibilidades do país se tornar rico.
Os países campeões de produtividade são
os que têm maior capacidade de inovação. Acontece que a inovação é tal qual uma
semente, que para brotar precisa de um ambiente propício. O Brasil sai perdendo
por ser muito burocrático e por possuir leis que atrasam a tomada de decisão
empresarial. Apesar de a sociedade ter consciência da necessidade das reformas
modernizantes, o governo e o Congresso insistem em medidas que produzem
resultados apenas no curto prazo. Para não perder votos, o Congresso torna-se
refém dos interesses das minorias. Não se discute a legitimidade desses
interesses, mas quando eles prevalecem sobre o interesse coletivo, há uma
diminuição no capital social do país. Ao longo do tempo esse modus operandi tende a se cristalizar,
gerando o sentimento de que o importante é sempre obter vantagem, independente
do bem comum.
É esse o motivo pelo qual países africanos e árabes encontram tanta
dificuldade em se desenvolver. Cada grupo na tentativa de se fazer prevalecer
gera conflitos que turvam o ambiente de negócios.
No Brasil as leis não são alteradas
para tornar o país mais competitivo e mais moderno. São feitos remendos que as
tornam mais confusas e menos transparentes. Esse ambiente de baixa
credibilidade e de falta de confiança nas instituições afasta investidores.
Gera menos inovação, menos empregos e menos riqueza. Todos saem perdendo.