Visitantes

Eu amo montanhas

Eu amo montanhas
Montanhas...

Welcome to Vinicius Montgomery Blog

Você é sempre bem-vindo. Deixe seus comentários, críticas construtivas e sugestões. Volte sempre. Muito Obrigado.



You´re always welcome. Let your comments, positive critics and suggestions. Please come back soon. Thank you very much!

Pesquisar este blog

Isaías 9.6.

Um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e seu nome será: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da eternidade, Príncipe da Paz.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

O Brasil que trabalha está cansado de carregar o Brasil de TOLOS nas costas

Alguns leitores me perguntam o que eu penso sobre a tal “refundação” do PSDB. Acho esse assunto chato por uma penca de motivos. O principal deles é que, salvo engano, foi o senador eleito Aécio Neves (MG) quem tocou primeiro no assunto. Quem achar a tal refundação necessária estará com Aécio e com o PSDB de Minas; quem não se encantar com a idéia, com Serra e com o PSDB de São Paulo… De novo isso? Por quanto mais tempo essa falsa clivagem irá fazer mal ao próprio partido e à consolidação de uma oposição consistente ao lulo-petismo — que é bem mais amplo do que o PT?




Eu não sei o que é “refundação”. Como ninguém a definiu até hoje, não sou o único. A mim me parece uma dessas expressões mágicas que, na ambição de ser muita coisa, acaba sendo coisa nenhuma. Aécio já havia lançado, ainda pré-candidato, lá atrás, a tese do “pós-lulismo”. Do modo como o PT conduziu a campanha, centrada inteiramente na figura de Lula, um candidato que se apresentasse como “pós-lulista” seria logo transformado em “antilulista”. Em vez dos 43 milhões, de votos, talvez tivesse 33 milhões…



O que é refundar? Lembro que a palavra foi muito empregada por Tarso Genro logo depois da crise do mensalão. Ele falava em “refundar” o PT. Não que, e percebemos isso depois, a sua moralidade pessoal e sua ética política fossem muito distintas das de seu grupo. É que ele queria aproveitar aquele processo para se livrar de alguns adversários internos. Em vez de “refundação”, que poderia virar uma variante da expiação, o PT fez a coisa certa — do seu exclusivíssimo ponto de vista— e partiu para o ataque. As conseqüências são conhecidas.



Eu estou entre aqueles que acreditam que o PSDB precisa, sim, se orgulhar de seu passado — tem fugido dele nas campanhas eleitorais e na luta parlamentar —, descobrir o eleitor pagador de impostos, uma massa muito mais ampla do que parece, e falar para o eleitorado real, o que está nas ruas, ausente dos manuais “progressistas” de sociologia. Em breve, vocês lerão um texto meu mais alentado a respeito, com mais fôlego.



Isso é “refundação”? Aqui e ali vejo tucanos a afirmar que o partido precisa estar mais presente na sociedade”, voltando a ter capilaridade nos movimentos sociais. Voltando? Já teve algum dia esse tipo de inserção que, no fundo, é o modelo petista de partido? O que os tucanos pretendem? Disputar sindicatos com o PT? Vai perder. Disputar movimentos sociais com o PT? Vai perder. Disputar o “coração progressista” da galera com o PT? Vai perder.



Quem deu duas eleições presidenciais ao PSDB foi o Plano Real, não a tal “inserção na sociedade”. Se, por inserção, for entendido aparelhamento da sociedade pelo partido, podem esquecer: esse não é o PSDB; tal espaço já está devidamente ocupado pelo PT e por esquerdistas menos influentes. Um partido de oposição ao lulo-petismo, qualquer que seja ele, logrará sucesso se aprender a ocupar o espaço que, na democracia brasileira, está vago: o do conservadorismo. Foi a mudança segura, “conservadora”, do Plano Real que levou os tucanos ao poder.





O PT se considera tão por cima da carne seca que se dá ao luxo de nomear a oposição que considera qualificada. Na semana passada, Tarso Genro, agora governador eleito do Rio Grande do Sul — aquele que queria “refundar” o PT e foi tratorado por José Dirceu — afirmou que uma oposição liderada por Aécio seria mais positiva para o governo Dilma e para o Brasil do que uma liderada por José Serra porque o mineiro seria “mais centrista” do que o paulista, que estaria muito “à direita”. Chegou mesmo a flertar com a possibilidade de apoiar Aécio para a presidência do Senado. Na prática, Genro voltou a exercitar o esporte de certas correntes políticas no Brasil: atacar São Paulo.





Segundo Genro, Serra está mais “à direita” do que Aécio, daí porque, entende ele, este é mais qualificado para liderar a oposição do que aquele — oposição que o ex-ministro da Justiça avalia ter sido muito dura, violenta mesmo!!! Como Taro Genro não conseguiu “refundar” o PT, ele agora tenta ajudar a “refundar” o PSDB, com o interesse que um petista de alto coturno tem no fotalecimento da oposição, naturalmente…



Partidos perdem e ganham eleições nas democracias consolidadas. Ninguém fica se refundando a cada vitória ou derrota. O PT, por exemplo, não aceitava composição com partido “burguês” em 1989 — recusou o apoio de Ulysses Guimarães contra Fernando Collor naquele ano… Chegou à situação de hoje, quando faz alianças as mais amplas possíveis, sem “refundar” coisa nenhuma: continua, acredite se quiser, a se dizer um partido socialista e interessado em construir uma alternativa universal ao… capitalismo.



O PSDB não precisa de “refundação” para valorizar sua história, descobrir o brasileiro pagador de impostos e atentar para o fato de que amplas camadas do eleitorado — a provável maioria — cultiva valores conservadores. Serra, Aécio ou J. Pinto Fernandes (o “que ainda não havia entrado na história”, no poema de Drummond) deve comandar esse processo? Sei lá eu. O que sei é que Tarso Genro não chega a ser a pessoa mais indicada para escolher o líder da oposição — e Aécio não tem nada com isso; não creio que a admiração devotada do petista lhe possa ser especialmente útil, diga-se.



Noves fora, uma coisa é certa: um partido de oposição costuma fazer… oposição! E sem pedir desculpas por isso, como se não fosse esse o papel que lhe delegou a democracia.



Por Reinaldo Azevedo

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Para que servem as oposições? Por Reinaldo Azevedo

Caros,


um daqueles textos longos, puxando a orelha das oposições. Vamos lá.



Qual é a melhor hora para se opor ao governo? A resposta é esta: sempre! E refiro-me a qualquer oposição e a qualquer governo. E deixo claro que o exercício do contraditório não quer dizer sabotagem — a exemplo do que fazia o PT no governo FHC. Para ser justo, agiu do mesmo modo em todos os governos, inclusive no do agora aliado nº 1, José Sarney. Para ser legítima, uma oposição não precisa rejeitar tudo o que o adversário propõe, mas uma coisa é certa: se ela abre mão da vigilância, aí está perdida. É o caso de indagar: o que anda fazendo a oposição no Brasil neste momento? Resposta: dando um tiro no próprio pé. Antes que me detenha a esse aspecto em particular, quero trazer algumas coisas à memória.



A Congresso aprovou, finalmente, o regime de partilha para o pré-sal. Partilha por quê? A explicação tosca, infundada, é que o modelo da concessão servia para a exploração nas outras áreas, mas não no pré-sal, que seria, na expressão tolinha de Lula, adotada por Dilma Rousseff na campanha, um “bilhete premiado”. O antigo sistema levou o Brasil perto da auto-suficiência. No governo FHC, a produção de petróleo dobrou — o que desmoraliza o discurso vigarista de sucateamento da Petrobras. A mudança tem muito de preconceito ideológico — e até ele é meio falsificado. O risco da exploração por partilha é todo do Brasil. As empresas que vão atuar na área não têm do que reclamar. Mas não quero me estender nesse aspecto em particular. O fundamental é que o pré-sal foi aprovado, e, sobre a oposição, a gente poderia cantar com Cassiano (lembram-se?): “nem sequer ouvi falar seu nome”… Deixaram a senadora Kátia Abreu (DEM-TO) sozinha, a defender a coisa certa.





Há dois dias, o ministro Guido Mantega veio a público para afirmar que será preciso, sim, cortar verba de obras do PAC porque o cobertor ficou curto. A oposição fez de conta que não ouviu. Curiosamente, quem reagiu foi o já quase ex-chefe do ministro: Luiz Inácio Lula da Silva. Dado o silêncio dos adversários, o PT encontra tempo de ficar brigando consigo mesmo. Os oposicionistas só não ficaram mais mudos do que Dilma… Mantega fala num dia, e Lula o desmente no dia seguinte, quase ao mesmo tempo em que Paulo Bernardo vai à Comissão de Orçamento para anunciar uma superestimação de receita de R$ 12 bilhões — em suma, estamos de volta àquele mesmo corte a que se referia o ministro da Fazenda. Mas o governo ficou lá se dando ao luxo de bater cabeça. Não havia por que temer que a oposição explorasse a questão, certo? Quando menos, Dilma deveria ser cobrada pelo cenário róseo com que acenou às massas.



Os desatinos da política de segurança pública do Rio, se querem saber, pedem também uma crítica — não para crucificar o estado ou a política deste ou daquele. A espantosa quantidade de droga encontrada na Vila Cruzeiro e no Complexo do Alemão — e se deve supor que não se trata da maior parte do estoque — pede que se chame esse governo às falas. O Brasil não produz cocaína — vem quase toda da Bolívia, do “companheiro” Evo Morales. Boa parte daquela maconha tem origem no Paraguai, do “companheiro” Fernando Lugo. Com diria Chico Buarque, o Brasil prefere falar grosso com Washington e fino com essa gente. A Evo, deu uma Petrobras de presente, depois que ele a tomou com homens armados. A Lugo, o reajuste da energia de Itaipu. Nem Bolívia nem Paraguai se organizam minimamente para combater o tráfico em seu país. E, evidentemente, há a responsabilidade do governo brasileiro, que é quem vigia as fronteiras, por onde passam drogas e armas. Mas as oposições se calaram feito múmias, mesmerizadas pelo espetáculo midiático nas favelas.



E mais haveria para falar: o candidato do PSDB, José Serra, propôs a criação do Ministério da Segurança Pública justamente para federalizar uma resposta ao desastre em curso no país, que encontra no Rio apenas a sua expressão mais aguda. Foi duramente combatido por Dilma e pelo governo federal. A solução estaria nas tais Unidades de Polícia Pacificadora, que a petista prometeu estender a todo o país. Na forma aplicada, não são modelo de nada. O Exército só está nos morros em razão da conjugação de várias ineficiências do governo federal e das trapalhadas de Sérgio Cabral. Mas também sobre isso não se dá um pio.



Oposições existem para vigiar, para apontar erros, contradições, para tentar melhorar as propostas apresentadas pelo governo, para confrontar suas teses com as dos adversários, para mobilizar o espírito crítico da população, para fazer o debate. E, pois, não há tema sobre o qual não possa e não deva se pronunciar. Até uma fala mais ou menos acertada dos adversários pode servir ao que chamarei aqui de “CONFRONTO DO ESCLARECIMENTO”. Dilma criticou em entrevista ao Washington Post a abstenção do Brasil na sessão da ONU que condenou a violação aos direitos humanos no Irã. Ela o fez segundo princípios errados: lembrou sua condição de mulher e tachou o apedrejamento de “medieval”. E se fosse por radiação ou injeção letal? E se fosse um homem? A questão, como comentei naquele dia, não está na forma ou no “gênero”… Ora, então as oposições não têm nada com isso de novo? Não vão lembrar da omissão da “candidata” Dilma Rousseff? Não vão puxar as orelhas de Celso Amorim, acusando-o de ter ultrapassado a linha até segundo a opinião de seus aliados? Não! Ninguém dirá nada!



Mais um motivo? Já se conhece a versão preparada pelo governo para implementar o “controle social da mídia”. Na prática, é controle de conteúdo. Um ou outro oposicionistas esboçaram um protesto, mas tudo muito modesto, dada a gravidade da coisa.



Em vez disso…

Em vez disso, o que temos hoje é um DEM conflagrado e um PSDB que promete pequenas emoções. Partido que troca tapas fora do poder não comove nem move ninguém. Lula diria que é mais ou menos como torcidas organizadas do time que está perdendo ficarem se socando na arquibancada. Nem a polícia intervém; elas que se virem. Não! As coisas não vão bem.



Na ausência de Serra, o senador eleito Aécio Neves vai a São Paulo almoçar com quem venceu a eleição: Geraldo Alckmin. No cardápio, certamente esteve o futuro do PSDB. Como capitão de um time dos antigos campinhos de bola, o ex-governador de Minas já reservou um papel para o presidenciável derrotado em 2010: juntar-se a FHC e Tasso para reescrever os fundamentos do tucanato — ou algo assim. Na seqüência, Aécio decidiu se encontrar com parte da direção do DEM, na véspera da reunião da cúpula do partido, que está dividida (ver post na home), para deixar claro com quem está sua interlocução privilegiada.



Em dois dias, a tensão no PSDB e do DEM aumentou em vez de diminuir, e se viu uma clara interferência do líder de um partido em outro — tratado como uma espécie de futuro satélite. Sou aborrecidamente claro: por mim, o PT não teria vencido já em 2002. Vitorioso, considerava importante a sua derrota em 2006 e em 2010… É simples: não compartilho de suas “utopias” (para empregar uma palavra neutra). Acho que, no governo, faz mal para a democracia brasileira. É autoritário. Escrevi milhares de texto explicando por quê. Aécio reúne todas as condições para ser presidente da República — e milhões de eleitores (por enquanto, mineiros) também acham isso. Por que não vencer o PT com Aécio?



Com a clareza e falta de ambigüidade de sempre, digo, no entanto, que realmente não considero que seja esse um bom caminho. Se achasse, estaria aqui aplaudindo. Antes de me atacar, os aecistas fariam melhor para a sua própria causa de ponderassem. Salvo o inesperado, a velha força do destino — e como especular a respeito? —, a desorganizar o edifício petista, essas práticas mais servem o governo do que a oposição.



Observadores atentos já perceberam, a esta altura, que o governo Dilma É O MAIS PAULISTA DE TODOS OS GOVERNOS HAVIDOS EM MUITAS DÉCADAS — se é que não se trata do mais paulista da história: não necessariamente em número de ministros, mas na importância que têm os representantes de São Paulo. Aécio já tem Minas, sabemos. Acreditar que pode haurir algum benefício estimulando a eventual cizânia em São Paulo é um tiro no próprio pé e, ouso dizer, um tiro no peito do PSDB do estado. Se os tucanos não tomarem cuidado, ficam como a Helena do Machado de Assis: “Perdi tudo, Padre Mestre!”



Encerro

Ninguém ainda descobriu papel mais adequado para a oposição do que… opor-se ao governo. Se Aécio quer ser presidente da República — e ele quer e tem condições de sê-lo —, não o será tornando ainda mais frágil e conflagrada uma oposição que mal consegue apontar os descaminhos do governo porque muito ocupada em cuidar de seus adversários internos. Sim, muitos dirão que estou errado e que o caminho é esse. 2002, 2006 e 2010 estão aí para provar. Em 2014, caso Dilma não queira ou não possa ser candidata, o PT virá com Lula de novo, que, atenção!, nos próximos quatro anos, será aquele que foi sem nunca ter ido.



Tucanos — e, agora, até os democratas — estão se tornando especialistas em mostrar como vencer os adversários internos. É uma pena que ainda não tenham encontrado o caminho para vencer os externos. Tenho uma sugestão a lhes fazer; na verdade, uma grande idéia:



QUE TAL SE COMPORTAR COMO OPOSIÇÃO?



Por Reinaldo Azevedo