O Brasil conseguirá escapar da armadilha da renda média?
Vinícius Montgomery de
Miranda
A renda per capita é um dos mais
importantes indicadores econômicos de riqueza de uma nação por captar a força
do poder aquisitivo de sua população. Esse indicador é obtido dividindo-se o
Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma da riqueza gerada por um país durante
um ano, por sua população. Segundo o Banco Mundial, são considerados países de
renda média aqueles que possuem a renda per capita entre US$ 4.000 e US$
12.000. Em 40 anos, o Brasil saltou de uma renda per capita de um pouco mais de
US$ 3.000, no início da década de 1970, para aproximadamente US$ 11.500 em
2010.
Diversos fatores contribuíram para explicar a verdadeira
transformação pela qual o Brasil passou nessas quatro décadas. Entre eles a
redução da taxa de natalidade, a urbanização e a maior escolarização da
população são fatores relevantes. Porém, nada foi tão importante quanto o Plano
de Ação Econômica do Governo (PAEG), arquitetado por Roberto Campos e Otávio de
Gouveia de Bulhões no governo de Castelo Branco. Esse plano foi responsável
pela modernização das instituições e por preparar a infraestrutura que permitiu
ao Brasil crescer acima de 8% ao ano desde a metade da década de 1960 até o
final da década de 1970. Os choques do Petróleo, o descontrole dos gastos
governamentais e a inflação fizeram o crescimento cair drasticamente nas
décadas seguintes.
Em um artigo do economista brasileiro Otaviano Canuto e do
professor Richard-Agénor da Universidade de Manchester, os autores afirmam,
porém, que a mesma estratégia utilizada pelo Brasil e demais países para
escapar da pobreza não funciona para torná-los países de renda elevada. É o que
os economistas chamam de armadilha da renda média. Isto é, os países que
atingem esse nível de renda já não conseguem mais competir com os países de
renda baixa, na produção de produtos de menor valor agregado, por terem custos
de mão de obra mais baixos. Tampouco conseguem competir com os países de renda
elevada, na produção de produtos sofisticados, já que estes exigem alto grau de
especialização e tecnologia. Dessa forma, os países de renda média se
caracterizam por apresentarem baixo crescimento de produtividade e uma parcela
muito pequena de profissionais de alta qualificação focada na produção de produtos
inovadores.
Se o Brasil quiser escapar dessa armadilha, será preciso
romper com as amarras que seguram a produtividade de sua economia, que segundo
estudo de economistas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), cresceu apenas 11,3%
(menos de 1% ao ano) entre 1992 e 2007. Novamente o país se depara com a
necessidade de reformas estruturais que reduzam o tamanho do Estado e estimule
o investimento privado. Se assim o fizesse haveria melhoria na infraestrutura,
aumento da eficiência produtiva e finalmente, aumento da competitividade do
produto brasileiro. Estaria aberta a passagem para o investimento em uma
educação de qualidade e na tecnologia de ponta. Essa foi a receita adotada por
países como Coreia do Sul e Japão para entrar no clube dos países ricos. Esse é
o caminho que a China começou a trilhar há algumas décadas. O que está faltando
ao Brasil para dar esse passo? Falta planejamento e vontade política. Por
enquanto, conforme entrevista do economista indiano ao site UOL, autor do livro
“Os Rumos da Prosperidade”, faltam ao Brasil estrutura e ambição para se tornar
um país rico.
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