A caminhada rumo ao Itaguaré inclui a travessia de um ribeirão de águas cristalinas dentro de uma mata nativa bastante fechada. 25 minutos depois do início da caminhada, atravessamos o ribeirão pela terceira e última vez. Quem for subir o Itaguaré precisa aproveitar para abastecer de água nesse ponto. Um pouco mais de meia hora mata adentro (cerca de 1 hora de caminhada desde do acampamento base) chega-se a uma pedra enorme no meio do caminho. Uma pausa para o descanso e para observar como a natureza é preservada nesse lugar. Subimos por mais 1 hora por dentro da mata. A trilha em alguns pontos apresentava degraus elevados (como aqueles encontrados na mata que sobe para a Pedra Aguda de Itajubá). Após um pouco mais de 2 horas de caminhada mata adentro, chega-se a um paredão de Pedra. É preciso subir esse paredão pela sua direita se agarrando às fendas (subida pesada e relativamente perigosa). Depois de superado o paredão, chega-se a uma planície cheio de pedras e já com um visual incrível tanto do lado do Vale do Paraíba, quanto das montanhas de Minas Gerais. Apesar de encontrar muita neblina, foi possível ver a imponência da Serra Fina à esquerda.
Entre as duas montanhas de pedras que formam a base da formação rochosa do Itaguaré há lugar para acampamentos. Nesse momento, paramos para descansar após 2 horas e 40 minutos de subida. Precisamos esperar um certo tempo, pois, a neblina cobria completamente o cume do Itaguaré. Um grupo chegou para acampanhar e como a neblina tinha se reduzido, resolvemos ir ao ataque final. Mais 1 hora de subida por meio das pedras. Embora haja tótens de pedra que ajudam a marcar a trilha, por alguns momentos nos sentimos perdidos.
Finalmente, após 3h45 (descontando as paradas), chegamos ao topo do Itaguaré. O céu estava nublado, mas foi possível contemplar a beleza do lugar, parte do Vale do Paraíba e as montanhas mineiras que formam um mar de montanhas. Para acessar o livro do Itaguaré seria preciso passar pela pedra que serve de passarela em meio a um abismo inacreditável. Estávamos em 4, mas apenas o amigo Adalto resolveu se arriscar. Ele chegou até o livro. Eu e os outros dois do grupo ficamos ali na parte mais plana para alimentar e fotografar. Deu para perceber a enorme coragem daqueles que fazem a travessia Itaguaré-Marins. O pico dos Marins e Marinzinho ficavam bem ali, imponentes, mas o caminho pedregoso e acidentado parecia bem árduo para transpor.
Depois de mais de 1 hora de fotos e conversas com algumas pessoas que ali encontramos, resolvemos iniciar a descida. Já com as pernas cansadas e com muito pouca água, a descida parece ser bem pior que a subida. As 3h17 de descida até o acampamento base pareciam infinitas. Era preciso transpor o labirinto até o riacho da base do Itaguaré. Passado o riacho e a base onde se acampa, iniciamos a descida do paredão de pedra. A dificuldade era bem maior e o risco de queda iminente. Era preciso cuidado para não escorregar. Um acidente ali seria pra lá de complicado. A única forma de resgate parece ser o helicóptero.
Chegada a mata, a dificuldade continuava grande, afinal, seria preciso transpor os degraus da trilha em meio a mata. No caminho encontramos muitos outros aventureiros subindo a mata do Itaguaré. Exaustos e já completamente sem água, chegamos no riacho. Foi a chance de se refrescar e recompor as energias para o fim da trilha. Por volta de 4 horas da tarde, finalmente chegamos no acampamento base. Foi um alívio geral poder sentar, descansar um pouco e voltar para casa.
Essa grande aventura e o saborear das fotos gera uma sensação de conquista indescritível. O lugar é alto demais e a vista linda, mas o esforço é grande demais. Não é recomendado para quem está sem preparo físico. Não se deve deixar de levar bastante água e alguma coisa para comer. Não se pode descuidar do sol (é preciso protetor solar).
Base do Itaguaré
Adalto no topo do Itaguaré
A face norte do Itaguaré
A Serra Fina envolta nas nuvens
O lado paulista da Serra
A fenda para o abismo
Marins à esquerda e Marinzinho à direita
Os quatro aventureiros
Flor da montanha